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@ Otavio
2025-05-31 16:23:22Durante a década de 1990, houve o aumento da globalização da economia, determinando a adição do fluxo internacional de capitais, de produtos e serviços. Este fenômeno levou a uma interdependência maior entre as economias dos países. Justamente por causa da possibilidade de que um eventual colapso econômico em um país resulte no contágio dos demais. Diante disso, aumentou a preocupação com os riscos incentivando a utilização de sofisticados modelos e estratégias de avaliação de gestão de risco.
Na década, ganharam destaque ainda os graves problemas financeiros enfrentados, entre outros, pelo banco inglês Barings Bank, e pelo fundo de investimento norte-americano Long Term Capital Management.
Outro grande destaque foi a fraude superior a US$ 7 bilhões sofrida pelo banco Société Generale em Janeiro de 2008.
O Barings Bank é um banco inglês que faliu em 1995 em razão de operações financeiras irregulares e mal-sucedidas realizadas pelo seu principal operador de mercado. O rombo da instituição foi superior à US$ 1,3 Bilhão e causado por uma aposta equivocada no desempenho futuro no índice de ações no Japão. Na realidade, o mercado acionário japonês caiu mais de 15% na época, determinando a falência do banco. O Baring Bank foi vendido a um grupo financeiro holandês (ING) pelo valor simbólico de uma libra esterlina.
O Long Term Capital Management era um fundo de investimento de que perdeu em 1998 mais de US$ 4,6 bilhões em operações nos mercados financeiros internacionais. O LTCM foi socorrido pelo Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve ), que coordenou uma operação de socorro financeiro à instituição. A justificativa do Banco Central para esta decisão era "o receio das possíveis consequências mundiais da falência do fundo de investimento".
O banco francês Société Generale informou, em janeiro de 2008, uma perda de US$ 7,16 bilhões determinadas por fraudes efetuadas por um operador do mercado financeiro. Segundo revelou a instituição, o operador assumiu posições no mercado sem o conhecimento da direção do banco. A instituição teve que recorrer a uma urgente captação de recursos no mercado próxima a US$ 5,0 bilhões.
E finalmente chegamos ao caso mais problemático da era das finanças modernas anterior ao Bitcoin, o caso Lehman Brothers.
O Lehman Brothers era o 4° maior de investimentos dos EUA quando pediu concordata em 15/09/2008 com dívidas que superavam inacreditáveis US$ 600 bilhões.
Não se tinha contas correntes ou talão de cheques do Lehman Brothers. Era um banco especializado em investimentos e complexas operações financeiras. Havia feito pesados investimentos em empréstimos a juros fixos no famigerado mercado subprime, e o crédito imobiliário voltado a pessoas consideradas de forte risco de inadimplência.
Com essa carteira de investimentos que valia bem menos que o estimado e o acúmulo de projetos financeiros, minou a confiança dos investidores na instituição de 158 anos. Suas ações passaram de US$ 80 a menos de US$ 4. Acumulando fracassos nas negociações para levantar fundos; a instituição de cerca de 25 mil funcionários entrou em concordata.
O Federal Reserve resgatou algumas instituições financeiras grandes e tradicionais norte-americanas como a seguradora AIG no meio da crise. O Fed injetou um capital de US$ 182, 3 bilhões no American International Group (AIG).
Foi exatamente essa decisão do Fed em salvar alguns bancos e deixar quebrar outros, que causou insegurança por parte dos clientes. E os clientes ficaram insatisfeitos tanto com os bancos de investimentos quanto com as agências de classificação de risco, como a Standard & Poor's que tinha dado uma nota alta para o Lehman Brothers no mesmo dia em que ele quebrou.
E essa foi uma das razões pelo qual o Bitcoin foi criado. Satoshi Nakamoto entendeu que as pessoas não estavam mais confiando nem no Governo, nem nos Bancos Privados que o Governo federal restagatava quando eles quebravam e isso prejudicou muita gente. Tanto que o “hash” do Genesis Block contém o título do artigo “Chancellor on brink of second bailout for banks” (Chanceler à beira de segundo resgate para bancos, em português) da edição britânica do The Times.
Esse texto foi parcialmente editado do texto de ASSAF Neto, CAF (2014).